quinta-feira, 17 de julho de 2014

Graffiti x Pichação


Graffiti (em italiano, plural de graffito) – outros nomes: Esgrafiado, Graffite, Grafite, Grafito, Grafitos, Sgraffite e Sgraffito. Significa arranhado, rabiscado, é incorporada ao inglês no plural graffiti. Utilizaremos neste post a forma Graffiti.
O senso comum costuma confundir Graffiti e Pichação. Qual a sua opinião a respeito? Pense um pouco sobre o que considera ser arte e o que considera ser pichação. Discuta sobre isso com a turma e se deseja deixe um comentário.

Assista ao documentário: Grafite SP - Vozes, Cores e Formas.



Para compreender o que outras pessoas falam sobre o assunto leia o artigo:  Pichação: arte ou vandalismo?


Assistir ao Documentário: O Pixo



Se a cidade inteira está pichada, é só observar para receber a mensagem. O que estes jovens estão querendo indizer? (GITAHI, 1999, p.73)

Para Gitahi (1999) em relação à pichação: “É uma guerra feita com tinta, todos se conhecem e se identificam pelo tipo de código pichado. Um grande abaixo-assinado para a posteridade, no qual cada um que participa, deixa a sua marca”.
Referência: GITAHI, Celso. O que é graffiti. São Paulo: Brasiliense, 1999.

Pichador Cripta Djan é entrevistado. Assista: Cripta Djan no Altas Horas, exibido em 19/12/2009.




Entrevista com os Gêmeos – Os Gêmeos dizem que grafite e pichação são movimentos paralelos.




Atividade: Com base nas duas imagens abaixo. Reflexão e debate sobre – Graffiti x Pichação: arte, vandalismo ou forma de protesto? Discussão com a turma sobre as questões: Há diferença(s) entre graffiti e pichação. Se existe qual(is) é, ou quais são?

Street Art. Ravensburg, Wandgemälde in der Rossstrasse. Disponível em: 



 Pichação em muro de Moita, periferia de Portugal, protesta contra a crise. REUTERS/Hugo Correia. 
Disponível em: http://www.portugues.rfi.fr/economia/20130123-fmi-revisa-para-baixo-perspectiva-de-crescimento-mundial-e-do-brasil


Grafite e o Ensino da Arte

Luís Fernando Lazzarin 
O grafite é uma forma de inscrição urbana com origens no movimento da contracultura, iniciado na década de 1960. Desde o início, o grafite está ligado à contestação política e ideológica e a movimentos de afirmação identitária. Primeiramente na Europa, surge como forma de manifestação política do movimento estudantil francês, cujas idéias paulatinamente se espalharam para a América, sofrendo influências, nas décadas de 70 e 80, dos movimentos hippie e punk.
Nos Estados Unidos, o grafite é usado como uma forma de afirmação das comunidades negra e latina, confinadas em seus respectivos guetos, em Nova York, nos bairros do Bronx e do Brooklin. Na década de 90, torna-se um dos elementos que compõem a cultura Hip-Hop, juntamente com o Break, o Disc Jokey, o Master of Cerimony. O grafite constitui-se, então, como forma de divulgação de encontros, festas e eventos das comunidades referidas.
Como movimento organizado, o grafite estabelece uma nova estética urbana, em que a rua assume o papel desempenhado anteriormente pelos cafés, no surgimento das vanguardas do início do século XX. As gangues também utilizam uma forma de inscrição para demarcar território, com seus códigos e símbolos característicos. Paralelamente ao surgimento do grafite, na década de 60, surgem também as pichações – que vão desde a manifestação política, passando pela competição entre aqueles que conseguem atingir os locais de acesso mais difícil (como o alto de edifícios) – até o simples ato de vandalismo em prédios públicos e monumentos. Nessas atividades transgressivas, o uso do spray torna a técnica fácil e rápida, muito adequada para facilitar a fuga dos flagrantes da vigilância e da polícia.
No grafite, a preparação do muro ou parede a ser grafitado é específica; geralmente, é feita uma base em tinta acrílica, branca ou colorida, utilizando rolo de pintura, sobre a qual é feito o desenho com o spray. Contudo, o grafite utiliza outras técnicas, como o pincel, o rolo e o estêncil.
Diferentemente da pichação, o grafite caracteriza-se pela qualidade técnica, que envolve planejamento detalhado, frases poéticas e desenhos mais elaborados feitos com estêncil ou a mão livre (Lara, 1996).
Um ponto comum que permanece entre pichação e grafite é a assinatura pessoal, chamada de tag. Essa é a marca registrada, o sinal de autoria da obra, e todo grafiteiro ou pichador tem o seu.
Para ler o artigo completo: Revista Educação e Realidade, v. 32, n. 1, 2007, p. 59-73.

Atividade: O graffiti há poucos anos atrás era visto como uma manifestação artística marginal, subversiva e transgressora, e hoje como ele é visto?  Discuta sobre isso com a sua turma e depois deixe a sua opinião.


Bienal Internacional de Graffiti

Desde a década de 80 o Graffiti vem ganhando novos espaços, em galerias e museus de arte, assista uma video reportagem sobre os preparativos para a 2ª Bienal Internacional Graffiti Fine Art que aconteceu, em 2013, no MUBE (Museu Brasileiro de Escultura)  





Referências de artistas do graffiti estrangeiros:

Belin, artista de Andaluzia, Espanha. Encontrou dificuldades no início de sua carreira, sendo perseguido, como qualquer artista urbano, porém, seu trabalho se tornou reconhecido como patrimônio de sua cidade. Atualmente seu trabalho é exibido em toda a Espanha e em países como a Alemanha, Itália, Reino Unido, Holanda, Brasil, Israel, México, Estados Unidos.

Mural Super Lempke Eindhoven. 
Disponível em: http://belin.es/graffiti/category/graffitis/


 Belin and Koka in Linares (Jaén). 
Disponível em:http://belin.es/graffiti/category/graffitis/


Jef Aerosol, Jean-François Perroy, mais conhecido sob o pseudônimo de 
Jef Aerosol, nasceu em Nantes, França.  Ele foi o pioneiro do que hoje é 
chamado de "arte urbana", e continua a ser uma referência e influência entre 
os artistas de rua das gerações mais jovens. Suas obras estão expostas no 
mundo todo.

Jef Aérosol - Chicago (EUA), 2013. Disponível em:


 Jef Aérosol - Chicago (França), 2012. Disponível em:
https://www.flickr.com/photos/jefaerosol/sets/72157631801113465/

Para conhecer muitos outros trabalhos do artista, incluindo os mais recentes 
acesse seus Álbuns.


Vhils, artista português Alexandre Farto, realiza sua intervenção visual no 
ambiente urbano com o nome de Vhils desde o início de 2000. Seus trabalhos 
podem ser visto em diversas cidades da Europa e no Brasil.

 NuitBlanche - Paris, Franças 2013. Disponível em: http://www.alexandrefarto.com/


 Providência - Rio de Janeiro. Disponível em: http://www.alexandrefarto.com/

Assista ao vídeo sobre o desenvolvimento do projeto artístico realizado no Morro 
da Providência, no Rio de Janeiro, onde o artista e sua equipe passaram um 
mês cravando os retratos de alguns dos moradores que tinham sido despejados,  
no que restou das casas.




Sten Lex, são dois italianos artistas de rua. Eles têm feito stencils na rua desde 2000/2001 e hoje seu trabalho é parte da paisagem urbana nas cidades de Roma , Londres , Paris , Barcelona , Nova Iorque e outras. Em 2009 começou a produzir o 
que eles chamam de "Stencil Poster”. A técnica deriva da união de duas das 
principais técnicas de arte de rua: Stencil e Poster. Eles colam um stencil de papel 
na parede e, em seguida, pintam sobre ela para destruir a matriz e seus restos se
tornam parte do próprio trabalho.

 Outdoor-Roma-2013. Disponível em: http://stenlex.net/


 Open Walls Baltimore, 2012. Disponível em:  http://stenlex.net/

Acesse o site dos artistas para conhecer muitos outros trabalhos e assista aos 
vídeos que apresentam o processo de trabalho.


Jens Tasso Müller, artista alemão, busca inspiração no fotorrealismo, estilo 
de pintura que recria com detalhamento fotográfico em grande dimensões.  Seus trabalhos em graffiti são internacionalmente conhecidos, e tem realizado graffiti em muitos países.

 Imagem - A king is born. 
Disponível em: http://www.ta55o.de/galerien/streetart-graffoto/category/3.html



Referencias de Graffiti no Brasil:


Gustavo e Otávio Pandolfo, sempre trabalharam juntos. Encontraram uma conexão direta com seu universo mágico e dinâmico e um modo de se comunicar com o público. Os artistas, hoje reconhecidos e admirados nacional e internacionalmente, usam linguagens visuais combinadas, o improviso e seu mundo lúdico para criar intuitivamente uma variedade de projetos pelo mundo.


Kelburn Castle, Airshire, Escócia – 2007. 
Imagem disponível em: http://www.osgemeos.com.br/pt/projetos/the-graffiti-project/?image=1
The Graffiti Project, Colaboração Osgemeos, Nunca E Nina Pandolfo.


A pedido de seus filhos David e Alice, o Lord Glasgow Patric Boyle convidou os artistas brasileiros para pintar a fachada e teto de seu castelo Kelburn, de 800 anos, localizado em Fairlie, na Escócia. Inicialmente, este projeto deveria ser temporário até que o castelo fosse reformado. Porém, o Lord conseguiu a permanência da obra junto à Historic Scotland, uma vez que se tornou um ponto turístico na área, assim como uma das principais referências da carreira de OS GEMEOS.


Assista aos vídeos: Os Gêmeos//Grafiteiros//The Twins//Graffiti


OS GEMEOS transformam aeronave da GOL em obra de arte. Assista o vídeo.




Eduardo Kobra, é um expoente da neovanguarda paulista. Seu talento emerge por volta de 1987, na periferia de São Paulo, e logo e espalha pela cidade. Seguindo os desdobramentos que a arte urbana ganhou em São Paulo. Nesse caminho, ele desenvolve o projeto “Muros da memória” que busca transformar a paisagem urbana através da arte e resgatar a memória da cidade.


Mural. Imagem disponível em: http://eduardokobra.com/murais/


 Mural. Imagem disponível em: http://eduardokobra.com/murais/




Zezão, o novo ícone da nova arte paulistana, o trabalho do artista toma uma dimensão político-social, e discute muitas questões fundamentais à arte contemporânea.

Imagem da série Graffiti Art.
Disponível em: 
http://www.zezaoarts.com.br/art.asp


Imagem da Série - Pampa de bueiro.
Disponível em:
http://www.zezaoarts.com.br/bueiro.asp


Alex Senna, parte das Linguagens da ilustração, dos quadrinhos e das pichações dos Anos 90, Alex Senna constrói uma narrativa lúdica, poética e de forte apelo popular. Sua produção se desenvolveu na cidade de São Paulo.

Utiliza em seus desenhos signos do imaginário infantil - corações, pássaros, notas musicais, balões e suas variações de composição, 90% das suas obras são marcadas pelo uso do preto e branco. Marca o cenário urbano com uma visualidade simples e claramente afetiva. O carisma de suas inúmeras personagens - sejam jovens casais namorando, senhores idosos, santas plácidas ou rapazes melancólicos - estabelecem um diálogo romântico com o observador, pois inspiram noções de sonho, subjetividade, drama e fé.

Imagem da Série Ruas II. 


Imagem da Série Ruas II.
Disponível em:
http://www.alexsenna.com.br/Streets


Binho Ribeiro, é um dos pioneiros do street art no Brasil e América Latina desde 1984. O artista conquista respeito em diversas cidades do Brasil e do mundo. Desenvolve um apelo singular de expressão, dando vida à todos os elementos de sua criação.

Imagem da Série Graffiti. 


Imagem da Série Graffiti.
Disponível em:
http://www.binhoribeiro.com.br/graffiti/



Anarkia Boladona, é considerada a rainha do graffiti brasileiro. Seu nome é Panmela Castro, nascida e criada no Rio de Janeiro. Usa o grafiti como voz contra a violência doméstica. Boladona recebeu vários prêmios internacionais por trabalhos em 20 cidades, como Toronto, Berlim, Istambul, Johannesburgo, Washington, Nova York, Lisboa, Bogotá e Praga.
Imagem disponível em http://www.panmelacastro.com/#gallery-M153

 Imagem disponível em http://www.panmelacastro.com/#gallery-M153


Leia: ANARKIA BOLADONA. Escolhida como uma das 150 mulheres que agitam o mundo, Panmela Castro usa o grafite como voz contra a violência doméstica.

E conheça outros trabalhos da artista em seu site: Panmela Castro


Manifestações do GRAFFITI em Porto Alegre – RS


O documentário “Arte de rua e comunicação visual urbana” trata os fenômenos do graffiti e pichação em seu diálogo com a capital gaúcha (Porto Alegre). 

Evento Meeting of styles, realizado em 14 a 16/03/2014, reuniu 60 artistas  de todo mundo para expor a arte de rua no principal acesso do centro de Porto Alegre, o Túnel da Conceição.


Assista ao vídeo: Encontro Internacional de Graffiti em Porto Alegre




Referência de artistas do graffiti de Porto Alegre


Trampo é a identificação mais conhecida de Luis Flávio Vitola, uma referência da arte urbana em Porto Alegre. Seu trabalho é influenciado pela cultura das metrópoles e das tribos indígenas, demonstrando isso em suas intervenções poéticas. 
Imagem. Disponível em: https://www.flickr.com/photos/trampo/2334894437/in/photostream/


Imagem. Disponível em: https://www.flickr.com/photos/trampo/2486495690/sizes/m/in/photostream/

Leia: Entrevista com Trampo e saiba qual a opinião dele sobre o graffiti e a pichação.


Jackson Brum, junto com Sabrina Brum, Rafael Lemmas, David Bizarro e Marcelo Pax criaram uma obra conjunta em um dos endereços mais antigos e conhecidamente cinzentos de Porto Alegre, as cercanias do viaduto Obirici, na Zona Norte de Porto Alegre.

Graffiti-fachada da loja Empo, Av. Assis Brasil, Porto Alegre. Disponível em: blogspot.com 

Para saber mais sobre este Projeto acesse o site


Atividade: Proposições para os alunos do Ensino Médio
Tema: Graffiti e Pichação

Conteúdos:
- Conceitos de graffiti e pichação.
- Relações entre a arte e a política.
- O grafite como expressão poética e política.
- Refletir e formar opinião sobre o que difere o graffiti da pichação.

Objetivo Geral:
- Ampliar as possibilidades expressivas e reflexivas no processo de fruição, apreciação e construção da imagem contemporânea.

Objetivos específicos:
- Provocar a reflexão e debate sobre a questão: graffiti versus pichação - arte, expressão ou vandalismo.
- Provocar os alunos a um exercício do olhar, desenvolvendo sua capacidade de apreciação da arte contemporânea.
- Identificar e registrar as diferentes manifestações do grafite e pichação, próximas ao entorno da casa, escola ou trabalho.
- Identificar as diferentes características do grafite e da pichação na cidade, seus temas e assuntos.
- Conhecer os diferentes materiais e expressões do grafite e da pichação.
- Conhecer algumas produções dos principais grafiteiros do país e da cidade de Porto Alegre.
- Realizar produções visuais individuais e coletivas e utilizar um software específico para criação fontes.

Processo criativo dos alunos
1. Fazer o reconhecimento visual de graffiti  e pichações no entorno de suas residências, trabalho e escola, através de celulares ou câmeras fotográficas. Compartilhar as imagens registradas com a turma e após selecionar alguns imagens para alimentar blog indicando o local dos registros.

2. Pesquisa em grupo: Pesquisar as diferentes características do graffiti e da pichação na cidade, seus temas e assuntos.

3. Identificar em sites, jornais ou revistas as produções dos principais grafiteiros do país e da sua cidade.

4. Conhecendo um artista: Cada grupo deverá realizar uma entrevista com algum grafiteiro, a fim de conhecer o seu processo artístico e apresentar para turma.

5. Conhecer e explorar alguns efeitos de graffiti em fotos disponível no site. Compartilhar as produções com a turma.

6. Explorar efeitos de Graffiti em fontes no site GRAFFITI CREATOR. Disponível em: http://www.graffiticreator.net/
Tutorial para Graffiti Creator. Disponível em:

7. Processo criativo Individual: 
a. Criar a sua TAG (nome/assinatura c/letras de graffiti)
b. Criar desenhos com estêncil com radiografias velhas em tamanho 10x15cm e produzir em papel adesivo (pode-se utilizar adesivos usados de campanhas eleitorais ou de comércios)
c. O material criado pelos alunos fará parte de uma exposição na escola para as demais turmas.
8. Vale a pena conferir: Dicas de criação nos links:

9. Processo criativo coletivo:
Grafitar um painel no espaço escolar ou muro autorizado pela escola. Propor fazer  intervenções que provoquem os alunos a refletir sobre a relação que estabelecem com o espaço, tais como: "vamos pensar em uma palavra para este lugar?" ou "vamos pensar em um tema pertinente a realidade social, cultural ou histórica da comunidade escolar". Em grupos os alunos devem fazer desenhos em papel A3, selecionar um, e transferir para um papel ou suporte maior. A seguir escolher uma parede interna e externa da escola em que possam ser feitos os graffitis. Os alunos devem transpor o desenho em tinta látex ou spray. Caso a escola não ceda ou não disponha de um espaço ou muro para a atividade, podemos forrar as paredes do acesso principal da escola com papel kraft formando um painel, e substituir o material por tintas guache, lápis de cor e giz de cera. Está atividade deve ser registrada pelos alunos, através de videos, fotos e publicadas no blog da disciplina.

10. Para culminar a projeto, os grupos de alunos deverão publicar no blog a conclusão da pesquisa sobre o Graffiti x pichação e quais as principais conclusões que chegaram.

Bibliografia indicada sobre o assunto
BARROS, Ana Carolina Fonseca de. Graffiti: da margem à cena profissional. Estudo do artista urbano Trampo. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/54320/000855538.pdf?...1. Acesso em: 22.jul.2014.
GANZ, Nicholas. O Mundo do Graffiti - Arte urbana dos cinco continentes. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010.
GITAHY, Celso. O que é graffiti. São Paulo: Brasiliense, 1999.
LASSARIN, Luís Fernando, Grafite e o Ensino da Arte. Revistra Educação & Realidade, Porto Alegre: Faculdade de Educação/UFRGS, v. 32, n. 1, Jan/Jun. 2007.




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